Moça bonita, jovem, prendada e faceira,
No brilho do olhar guardava um jardim de promessas.
Os dias correram como riachos apressados,
E os sonhos, folhas levadas pela correnteza do tempo,
Sumiram entre as pedras do caminho.
Ainda resta, porém, no coração,
O perfume suave de um riso antigo,
A dança lenta das lembranças ao vento.
Sob a copa da saudade, ela colhe esperanças:
Uma carta amarrotada, um verso esquecido,
O eco de uma canção de ninar.
Em cada linha do rosto, histórias se desenham:
O tremor primeiro ao ver o nascer do sol,
O calor da amizade que floresceu em tarde de verão,
O abraço apertado que curou uma dor profunda.
Ela é quem resiste, quem sorri mesmo na ausência,
Quem reinventou o lar dentro de si mesma.
E, ao fim do dia, quando as estrelas surgem vigilantes,
Moça bonita, jovem, prendada e faceira,
Ergue os braços ao céu e agradece ao tempo:
Pelos sonhos que vieram e pelos que ficaram,
Pelo amor que voou e pelo que aprendeu a ficar.
Eliane Kilian da Silva

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